sábado, 28 de janeiro de 2012

Quero acreditar


Ah Elis...

 Hoje, as 11:33, recebi a notícia que uma amiga querida faleceu as 09:00 da manhã. Era nova, tinha algo entre 36 anos. Câncer. Morava em Florianópolis. Estava longe. Fazia algum tempo que não nos falava. Porque recebi a notícia tão rápido ? Porque a pessoa que a amava lembrou de mim porque nós três nos amamos muito. Um triângulo de amizade que viveu este sentimento em sua plenitude. Sentimento que supera preconceitos, torna nossos entes importantes e faz com que permaneça na memória por toda uma existência. Que maneira de descobrir que fui confirmado pelo o amor do Outro. Dolorido mas revelador. Nestes momentos quero acreditar que há um lado de lá, que há pessoas ou algo que irá recebê-la e confortá-la. Neste momento quero crer com todas as minhas forças que não há morte e sim uma travessia, de cá para lá.

A morte é um tema que mexe com os brios das pessoas. Algumas não concebem imaginar-se mortas e se rebelam contra este fato. Outras possuem uma relação distante deste dia, tornando-se indiferente para o tema. Há aquelas que estão se preparando para o término. Quero crer que participo destes últimos. Penso na diminuição dos meus dias, pois a verdade é que me distancio cada vez mais do dia em que nasci e me aproximo cada vez mais do dia da minha morte. De carona vem a imagem das pessoas que amo e daquelas que deixaram um significado em mim. Começo a entender a importância da despedida, do desenlace amoroso. A pessoa que continuará vivendo pensará sobre sua ausência e se perguntará do porque não ter se despedido, porque não ter sido diferente ? Não, você não a deixou tranquila. Não você não a deixou com a certeza de que as memórias irão acalentá-la nos dias de solidão. Por isso quando se afastar de alguém se afaste pacificamente, livre-se do todos os rancores, dê um sorriso e seja leve para com o Outro. Que esta prática seja todos os dias, em todos os momentos pois não há garantia de retorno para a casa. Que você esteja consciente de sua responsabilidade para com a Vida e para com os Outros. A consciência da inevitabilidade da morte traz para o presente a valorização da mesma, a tranquilidade necessária para tomar decisões e coragem para realizá-las. Não. Nem todos pensarão a respeito. Não. Algumas escolhem viver de forma solta, sem responsabilidade, sem saber da existência do Outro. É uma escolha que respeito. Pois a minha escolha, a de pensar na finitude da vida, resulta na amorosidade para com Outro, em uma coragem  sem paralelo e principalmente na sabedoria em vivê-la. 

São tantas despedidas e tantos encontros na Vida. Porque temos que  nos defender de sentir estes sentimentos ? Porque não nos encontramos sorrindo e não nos despedimos sorrindo ? Porque a dor da despedida deve ser cultuada como terrível, insuperável ? Onde aprendemos a agir assim ? Cultivar sentimentos bons é uma escolha. Faz parte da liberdade. Ser livre é escolher. Desapegar de sentimentos negativos nos alivia da carga de viver e nos liberta para a Vida plena de conhecimentos e sentimentos  reais que nos legítima em senti-los. Viver, viver com a emoção sentida na dose certa faz  com que aprendamos a diferenciar o veneno do antidoto. Desejo intensamente que meus próximos encontros e despedidas sejam feitos de sorrisos e lembranças maravilhosas...de que um dia amei e fui amado...não importa onde e quando, não importa quem, mas que este amor nos confirma como pessoas queridas e desejáveis...chega!

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