O
interessante da doutrina budista é a denúncia feita contra o “Eu”
e a “consciência” do mesmo. Não há um “Eu”, como não há
uma consciência. Somos apenas a soma das sensações e percepções.
O objetivo da prática meditativa e da ioga é alcançar o despertar,
a percepção da ilusão e ver, com seus próprios olhos, a verdade.
A partir desta situação nasce uma pergunta: se meu “eu” é
apenas uma ilusão, o que sou na hora da meditação e o que serei
após descobrir a verdade ? Serei outro “eu” ? A dificuldade se
monta pois não é possível sair de um estado e entrar em outro sem
o “eu”, sem Ser o que Sou. Problemas conceituais a parte, o
interessante do budismo diz respeito a sua prática individual que
mobiliza e modifica internamente o indivíduo. É fato. Não podemos
nos despersonalizar, como não podemos enfatizar a personalidade
através das sensações e desejos. O que faremos então ? Caminhar
entre os extremos. Duzentos anos depois Aristóteles descreveria no
livro “Ética a Nicômaco” esta prática e passaria a chamá-la
de “prudência” ou mediania. Na doutrina budista encontramos o
preceito máximo de que você, somente você, pode se purificar. O
que isto significa ? Parece ser outra contradição. É necessário
que “eu” com toda a minha vontade dedique minha vida a prática
do despertar. Eis o que o preceito torna-se no seu oposto.
A
proposta budista se destaca quando o Sidarta Gautama entra no estado
búdico, o estado do despertado. Percebe que qualquer pessoa pode
praticar e se tornar um desperto, um buda. Com dedicação, esforço
e autoconhecimento é possível viver em serenidade, interrompendo o
sofrimento causado pelo nascimento, pela doença, pela velhice e
pela morte. Buda entende que a cessação dos desejos é como cortar
o mal pela raiz. Isto só pode ser feito sob uma única condição: o
indivíduo tem que ter amor pelos outros de tal forma que
sacrifique-se em expressar atitudes e pensamentos positivos ao mundo
e a nossa realidade. Perguntas nascem como flores de contradição:
se todas as sensações e percepções não passam de ilusão, o amor
também é ilusório. Quando entrar em estado búdico a indiferença
toma o lugar tanto do amor como do ódio ?
No final
da festa o maluco sou eu, sim, ainda estou com os punks. Foda-se a
religião, foda-se toda e qualquer doutrina, pois eu mesmo posso SER
QUEM EU QUISER SER. SÓ POR HOJE.....
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