terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Voz de Hipólita

Quando escuto a voz feminina fico atento. Algumas vozes me trazem um verdadeiro prazer. Outras sinto um ranço, uma raiva, uma antipatia. Este mal estar gerado por uma voz profunda, sensual e madura produz em mim pensamentos machistas, segregadores e isolacionistas. Do tipo: - jamais me envolverei com uma mulher assim!. Suspeito deste tipo de pensamento. Creio que, de forma sutil (ou a minha percepção anda falha), que este pensar, este conteúdo é produto de um medo que tive quando mais jovem. Reminiscências que emanam sinais que interferem na minha visão de mundo. Quando tinha nove anos estava a ler os 12 Trabalhos de Hércules de Monteiro Lobato, escrito em 1944. Uma adaptação do mito grego para o mundo fictício do Sítio do Pica Pau Amarelo, onde Emilia, Narizinho, Visconde e Pedrinho resolveram dar uma banda pelo período mítico grego. No capítulo 9 intitulado “O Cinto de Hipólita” deparei-me com um pensamento assustador: se as mulheres dominassem o mundo ? O que seria de nós homens ? Dali em diante não fui mais o mesmo.

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