sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sexo, Amor e Comprometimento

Nos últimos dias fui procurado por várias pessoas. Todas tinham algo em comum: a dúvida. Temas como a Ética, Religião, Ciência, Psicologia, Psiquiatria e principalmente a experiência de vida preencheram nossas conversas. Uma delas se preocupava com convenções sociais e tabus sobre sexo. Lembrava ele que qualquer indivíduo pode ter o numero que quiser de parceiros sexuais sem ter comprometimento de qualquer natureza, quer dizer, somente o comprometimento com os cuidados com a saúde de si e do outro (camisinha, anticoncepcional, higiene...). Ao concordar com ele acabei por cair na minha experiência e creio, segundo a Psicologia , ser a experiência de muitos (indico a leitura do artigo de Maria de Fátima).

Em seguida falei sobre a superficialidade da relação e do vazio após o sexo, quer dizer, eu sempre voltava pra casa com a sensação de vazio, cheio de conversas frívolas, banais e nem tanto inúteis. Sim, tenho a liberdade de escolher a pessoa que quiser para fazer sexo em contrapartida tenho que aceitar o risco de que a relação não será intensa, plena e realizadora. Em algumas vezes será como saciar a fome ou realizar um desejo, nada mais. O que sobra ? a experiência. Claro, desde que você “aprenda” com a sua experiência.

Continuemos. Imagine que você chegou a uma idade em que decida ter alguém para acompanhá-lo em direção ao final da vida. Com toda a experiência adquirida em sua vida sexual, provavelmente, você terá condições de ser muito feliz e cheio de experiências realizadoras com esta pessoa. Não é preciso estatística, provas científicas para chegar a esta conclusão. Com um pouco de observação chega-se a esta conclusão. Ressalva a interpretação.  Lembro que Nietzsche dizia que toda a verdade é perspectivista. No artigo citado a autora destaca que Anthony Giddens descreve três tipos de relação: o amor confluente, a sexualidade plástica e o relacionamento puro. Me inclino a ultima. Vejamos a leitura da Maria de Fátima sobre os conceitos do autor citado:

O amor confluente é mais real que o amor romântico, porque não se pauta pelas identificações projetivas e fantasias de completude. Presume igualdade na relação nas trocas afetivas e no envolvimento emocional. O amor confluente introduz a 'ars erotica' no cerne do relacionamento conjugal e transforma a realização do prazer sexual recíproco em um elemento-chave na manutenção ou dissolução do relacionamento. Desenvolve-se como um ideal em uma sociedade onde quase todos têm a oportunidade de se tornarem sexualmente realizados. Ao contrário do amor romântico, o amor confluente não é necessariamente monogâmico nem heterossexual.

A sexualidade plástica é uma sexualidade descentralizada, liberta das necessidades de reprodução. Tem origem na tendência à redução da família, iniciada no final do século XVIII, e desenvolve-se mais tarde com a difusão da contracepção moderna e das novas tecnologias reprodutivas. A emergência da sexualidade plástica é fundamental para a emancipação implícita no relacionamento puro assim como para a reivindicação da mulher ao prazer sexual.

O relacionamento puro é um relacionamento centrado no compromisso, na confiança e na intimidade. Implica em desenvolver uma história compartilhada em que cada um deve proporcionar ao outro, por palavras e atos, algum tipo de garantia de que o relacionamento deve ser mantido por um período indefinido. É um relacionamento diferente da ideia de casamento como uma condição natural, cuja durabilidade pode ser assumida como certa, exceto em algumas circunstâncias extremas. Uma característica do relacionamento puro é que ele pode ser terminado, mais ou menos à vontade, em qualquer época e por qualquer um dos parceiros. O compromisso é necessário para que um relacionamento tenha a probabilidade de durar, mas não evita que qualquer um que se comprometa sem reservas corra o risco de sofrer muito no futuro, no caso de o relacionamento vir a dissolver-se. Nesse tipo de relacionamento, o que conta é a própria relação, e a sua continuidade depende do nível de satisfação que cada uma das partes pode extrair da mesma.”

Temos que salvar a experiência de cada um, quer dizer, estamos abordando um caso específico. O que estamos fazendo aqui é tecer um dialogo entre a pessoa que me procurou e o estudo a respeito do mesmo tema. A minha função foi intermediar este dialogo. Talvez no futuro continue abordar os temas desta forma. A minha proposta é que cada tema seja abordado pela visão pessoal e comparar com os estudos profundos que a ciência tem nos legado. Este método que emprego é para reforçar que opinião pessoal (senso comum) influencia a Ciência como a mesma influencia o Senso Comum. Nesta via de mão dupla (bidirecional) que encontrarmos a magia da mudança, da autocrítica. Sem este diálogo (dialógico, dialético) no estilo Paulo Freire estaríamos presos a visões de mundo. A História já mostrou o que acontece quando um grupo se fecha e defende uma visão de mundo. Dialoguemos.

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