sábado, 19 de junho de 2010

- Gosto do novo mas também gosto do antigo!

I


Com esta frase atordoante ela me pegou. Estava preparado para orientá-la em sua  nova etapa da vida mas não esperava por isso, juro, não esperava. Fiquei a olhar seus olhos e por fim tomei suas mãos de assalto e chorei. Não entendia o que estava a acontecer comigo. Senti uma espécie de liberdade em ser quem sou na frente daquela mulher.Me senti confirmado. Culta, inteligente e infantil Raissa brinca comigo. Me leu nas entrelinhas e  compreendeu. Minha profissão obriga a me desnudar pois estou sempre em perigo com as armadilhas da minha mente. Costumo inventar histórias. Produtos de uma mente que teima em  divagar. Encontrei o antidoto na publicação explícita do que sinto no momento. Me chamo Johannes e trabalho com pessoas que estão perdidas existencialmente. É uma profissão nova e como tal prediposta a toda sorte de interpretações. Inveja, ciume, paixão e jogos de poder são intensos na minha área de atuação. Mesmo assim ela insiste: - Quando iremos nos ver ? Tenho um presente para você! Já sei! Quando eu sair daqui, entrarei em contato contigo. Não precisa temer. Não vou te comer! 
Fiquei puto da cara!, mesmo assim fiquei em silêncio! Passei o número do celular. - Raissa, sabes que precisas te manter pelo menos três meses longe de qualquer estímulo. Tua ansiedade está em alta e teus pensamentos ainda misturam-se um pouco com as lembranças da infância. É necessário  te precaver contra estes sentimentos. Ela me olha e sorri como uma criança arteira. - Sou intensa. Sinto o que sinto e não preciso me impedir de sentir. Aliás preciso de você para apontar para a direção certa estes sentimentos. Não luto contra a intensidade e sim contra a direção deles. Sempre faço uma escolha errada. Apesar de assumi-los vejo que me boicoto. 
"Ah Raissa sua inteligência não deixa de me surprender." penso. Ok! Então daqui a 10 dias me liga. Quero te ver. Nos despedimos olhando-nos nos olhos. Me afasto e começo a ladainha de avaliar o que aconteceu. 1) Sou um profissional e não posso me envolver emocionalmente. 2) Mas com estes sentimentos envolvidos é possivel uma solução através do amor. 3) Tem a possibilidade de 50% de ter uma catástrofe como resultado mas também a possibilidade de os outros cinquenta dar certo...arghhhh Que vá a puta que pariu toda esta babaquice teórica!!! Quero a vida em toda a sua plenitude. Senti-la. Tê-la em meus braços! Ser mais uma vez confirmado! E consigo sustentar este meu desejo através da história. Não estou sozinho.  Epicuro, Nietszche, D. H. Lawrence, Sarte e Simone de Beuavoir, Michel Onfray, antigos e novos,que se mesclam, que  se somam e que se contradizem! Aliás, nunca estive só. Eu me isolo. Apesar de tudo ainda não possuo a coragem necessária para fazer o que desejo. Raissa faz com o que de melhor venha a tona. Vou entrar de cabeça nesta aventura. Dane-se o que os teóricos falam! Viver a vida! Senti-la! No momento é isto que importa! Volto para o trabalho.

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