IV
Ela desce a cabeça até o meu peito e começa a morde-lo. Minha mão na sua cabeça indica que quero mais. Fico excitado com sua atitude. Quero falar mas não consigo. Seu cheiro, seu cabelo e suas mãos estão me segurando. Minha calça parece que vai rebentar. Esta sengunda pele atrapalha. Ela levanta e olha por cima das poltronas. Há poucos passageiros. Ela se volta com alegria e ri baixinho. Deixo acontecer...
- Te falei! Não vou te comer!
- Porque não ? Você me deixa louco de tesão. Mostra teu desejo por mim e ainda não queres ?
- Já te falei! É supresa.
O ônibus para. Nós paramos com um beijo longo e molhado. Nossos corpos tesos, excitados pediam por mais. É o fim da linha. Já eram 14:30. Tinhamos poucas horas juntos. Descemos. Me deparei com um ambiente que transporta para outro lugar. Verde, muito verde. Pinheiros, carvalhos europeus, aracaurias, lírios, terra de chão batido, casas de estilo colonial alemão do séc. XIX e um som distante, constante e relaxante....água! Não pude conter minha alegria. Dava saltos, ria sozinho. Descemos um lomba e entramos em um camping. Raissa conhecia o lugar.Levou-me pela mão. Atravessamos todo acampamento e chegamos no limite da propriedade que se confronta com outro camping . Parecia desabitado.As pedras, a água corrente abrindo caminho entre elas tendo com fundo um mato fechado com nativas e excentricas. Chegamos a margem do riacho. Percebi um tapete verde com pequenas árvores circundando. Ali Raissa armou o piquinique. Doces, pão, sucos naturais. Num instante tiro a roupa e troco por uma bermuda. Ela me olha e rí. Seu sorriso me faz bem. Ela me repete. Sua pele no sol a deixa com sabor de tangerina. Quero prova-la. Conversamos. Entre uma conversa e outra nos atracavamos com força, como se aquele lugar fosse propício para isso. Estar na natureza é como estar em sua primeira casa. O lado animal fica mais forte e lado civilizado perde força. Quando estavamos quase nos entregando, paravamos. Enfim, falo:
- Tu consegues mexer comigo de tal maneira que quase perco o controle.
- Eu sei! Isto me encanta Johannes. Saber que tenho este poder sobre você me faz sentir a mulher! Mas não vou me responsabilizar por tudo. Tu também desperta em mim uma energia quente, intensa.
- Raissa, não quero ser estraga prazeres. Porque estás aqui comigo ?
- Preciso da tua força. És forte na abstinência apesar de ser ambivalente nas coisas que quer. Não consigo ficar muito tempo limpa. Sinto uma coisa boa por ti e acredito que seja química, sexo. Não quero nada mais contigo e quero ver se queres apenas sexo comigo. Quero te ajudar. Sei que precisas das minhas experiências. Viajei por mais 40 paises. Conheci coisas que você se assustaria. Percebo que tens potencial para compreenderes minhas experiências.
Desconfiei. Entrar numa relação sem promessa de compromissos. Interessante. Apenas estarmos juntos por um acordo de ajuda mútua. Percebi que na minha abstinência fiquei sem objetivos. Não desejo nada. Fiquei vazio. O que me sobrou foi o amor pelos livros e pela pouca liberdade que tenho. Agora, ambicionar materialidades, não, isto não.
- Hum! Sim! Quero esta intensidade, esta vontade de vida que há em tí Em troca lhe darei meu equilibrio, meus exercícos estoicos...
Uma troca de interesses misturado com a fragância de sexo. Eita mistura boa sô! Assim firmamos nosso pacto. Tento colocar em pratica e mesmo assim ela grita:
- Para! Para! Ainda não quero te comer!
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