III
Me calo. Mental e fisicamente. Escolho sentir a mão dela na minha mão. Neste instante todas as preocupações se distanciam e o prazer se insinua. Não quero magoá-la com as minhas dúvidas e muitos menos com o meu "verme". Preciso distanciar este demônio. Preciso de calor, carinho e atenção. Raissa volta a sorrir. Quando me calo sorri. Que maneira de descobrir que tenho defeitos. Através do meu silêncio. Através do sorriso dela. Acaricio seu rosto e remexo seus cachos desfrutando seu cheiro maravilhoso. O ônibus para em um vilarejo rural. Duas pessoas embarcam na nave de ferro e borracha. Logo retorna a estrada de areia e pó. Raissa quebra meu silêncio.
- Doce e forte. As mãos revelam muito da pessoa, sabes ? Hummm! Tu não sabes mas és muito especial. Apesar de seres um tanto distante no teu trabalho é possível te enxergar. Meu Deus! É claro. Consigo te ver por inteiro. Rí colocando a mão na boca. - O irônico disso é que não sabes quem és.
- Isto importa agora ? Aprendi, de maneira desesperada, que tenho apenas o momento. Não tenho mais certeza se vou tê-la de novo. Por isso entrego-me por inteiro ao instante, ao momento. Talvez isto não permita me ver no futuro, me conhecer, antecipar meus atos, minhas ações e meus sonhos. Aprendi que este momento é o único que tenho. O resto é uma possibilidade. Quero aproveitar o máximo, retirar o máximo deste instan...
- Cala a boca! ela me beija e morde meu lábio com vontade.
O medo se foi. Não está mais aqui enquanto ela estiver aqui. Enquanto sua pele estiver na minha pele. Não importa mais se o dia tem um fim, se um dia chegará o fim. É agora.
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