quinta-feira, 26 de agosto de 2010

a distância do sonho

Tenho uma amiga que me procura de vez em quando para se aconselhar sobre o amor. Me pergunto o que ela pensa a respeito da minha experiência. Não gosto da resposta. Ela relata suas dúvidas, anseios e principalmente demonstra um prazer quase infantil, senão inocente quando começa a sonhar com a possibilidade de se relacionar. Me fala que há muito não sente um homem entre as pernas. Elabora planos, cria situações mas na hora não consegue.

Ela tem uma beleza exótica. Exigente, rebelde e rude Madelaine se desmancha em meiguice com seus gatos e suas flores. Vira uma fera quando vê um animal sendo maltratado. Defensora radical dos direitos da fauna e da flora, coloca os seres humanos no nível mais baixo da cadeia alimentar. É a sua fantasia. Por vezes sua natureza reclama. Quer explodir, quer se entregar mas não consegue. Estranho. Seu ódio a humanidade, por momentos desaparece, dando lugar a manifestação mais primitiva e eloquente...o amor!

Madelaine resolve tomar a iniciativa. - “Do it your self”! Berra! Talvez através do grito encontre forças para quebrar o medo e o ressentimento que a vida lhe presenteou. Entra em contato com Miguel pelo MSN. Fala a Miguel que terá que realizar um concurso em Porto Alegre e que precisa de um lugar pra ficar. Sem hesitar Miguel oferece seu apartamento. A mentira colou. Despede-se e sai em seguida para comprar a passagem para viajar na sexta. Irá passar dois dias com Miguel. Tempo suficiente para resgatar o direito a ser feliz que está soterrado por uma avalanche de medos e preconceitos. O que é admirável em Madelaine é sua coragem. Suas tentativas são espúrias mas ninguém pode dizer que não tenta. É um espírito que se rebela de tempos em tempos contra o mofo e a docilidade. E por vezes, a educação estraga: - Somos amigos! Não podemos! Este singelo apelo ao princípio da preservação realmente afasta. Madelaine está decidida. Irá pegar Miguel!

Enquanto escuto seu plano fico feliz. Admirável. Percebo a natureza atuando, buscando a luz, como uma semente que germina ansiosa pelos primeiros raios de sol. Como posso desconfiar da vontade de vida ? Como posso negar a existência de tal força ? Mais uma vez louvo este alemão bigodudo!

Nenhum comentário: