Algumas pessoas reunidas. Uma está falando. O tempo é cronometrado. São cinco minutos. É pouco mas realiza uma transformação no rosto daquela pessoa. Ela fala sobre si e suas circunstâncias. Alguns escutam, outros conversam murmurando e há aqueles que continuam a conversa na calçada em frente ao local. Um clima amistoso, de solidariedade e de empatia. Alguns não se conhecem mas se reconhecem. Neste local onde é possível praticar o sagrado direito da fala parece evocar as antigas assembleias gregas onde qualquer cidadão poderia exercitar sua autonomia sem medo do constrangimento, coação ou ameaça. Neste local aquela pessoa pode desnudar seus medos, alegrias, frustrações e sucessos diante dos seus interlocutores. Sem retórica, sem máscaras. Eis o ambiente perfeito para a prática de ser aquilo que se é. Não há perguntas a fazer, nem registros, muito menos compromissos escritos. Se houver o desejo puro e simples de sentar a bunda naquela cadeira e falar está aceito.
Poderoso e simples, muito simples. Uma mudança visível ocorreu na pessoa que estava falando. No início estava abatido, sorumbático. No decorrer de sua fala foi passando por fases estranhas de raiva, euforia, tristeza, esperança, distanciamento e por fim, um sentimento de alivio e leveza. Estes locais são respiradouros de uma sociedade doente. Uma sociedade que não abraça, não escuta, não recebe o Outro não pode possuir uma atitude simples representada numa frase: - Tamu junto!
Percebo que é preciso publicar o que penso e que sinto. Publicar no sentido de compartilhar, dividir o que está em mim com outros. Fazer saber o Outro. Alimentar esta relação com sinceridade e simplicidade. Nada mais. É minha cura, é a minha fala, é a minha vez de falar.
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