Pra início de conversa preciso dizer o que é a abstinência. É o ato de não usar, de não fazer uso, de um comportamento e/ou substância. Parece simples. Sim, é simples para aquelas pessoas que não possuem características compulsivas, quer dizer, que sabem parar após iniciar o uso. Decidem não usar mais e pronto. Quando encontro estas mesmas pessoas percebo sua dificuldade em entender a abstinência. Como uma pessoa opta em não usar comportamentos e substâncias que lhe tragam prazer ? perguntam.
Para o portador de caracteres compulsivos não é tão simples assim. Sou um deles e preciso tanto da abstinência quanto do ar. Foram 13 anos de comportamentos compulsivos. Tenho a vivência. Senti na pele. Está escrito na minha pele. Lembro do personagem do romance “Na Colônia Penal” de Kafka. Condenado por crimes que não reconhece e não entende o personagem é levado até um local onde uma máquina escreve a sentença na carne de suas costas. Então a verdade torna-se evidente através de uma ferida que não cura, não desaparece. Esta memória é minha condenação e minha libertação. Não entendo como apareceu tal comportamento mas não o quero mais. Não posso fazer como as pessoas livres que podem, da sua maneira, vivenciar a intensidade de uma situação. A mim cabe vigiar cada circunstância, cada relação, cada momento para que as emoções não entorpeçam minha razão. Paixões avassaladoras, ambientes de trabalho estressantes ou que exista apatia são estímulos para a ansiedade, disparando assim, o mecanismo natural de proteção que é a busca de prazer. Se eu não estiver protegido pela minha decisão de me abster, cedo ou tarde, o comportamento compulsivo irá se expressar no uso de álcool e drogas.
Pode-se ver que o uso de álcool e drogas é o ultimo estágio de uma série de comportamentos frustrantes e frustrados. Na realidade, para mim, o uso destas substâncias é a uma tentativa ilusória de superação através do prazer. Entendo que o meu problema não está nas substâncias e sim em mim. Além do comportamento compulsivo com uso de substâncias, comida e sexo tenho tendências depressivas. Identifico esta compulsividade em outras áreas da minha vida. Pessoas que não possuem comportamento compulsivo ou ansiedade exagerada tendem a tolerar frustrações de forma madura, entendem que terão oportunidades para atingir seus objetivos. O que não acontece com o portador do comportamento compulsivo. Para ele a frustração aumenta a ansiedade. No momento que percebe a derrota volta-se para trás e vê o que fez para atingir o sucesso. O estrago tá feito. Por ironia, a decisão de fazer uso de comportamento e/ou substâncias que o levará a compulsão é a única decisão que não será frustrada. Saída fácil, cômoda.
E como este círculo pode ser quebrado ?
Através da abstinência. No momento em que fiquei, por um tempo, longe de estímulos (lugares, pessoas e substâncias) percebi que minha visão estava ampliada e a noção das coisas aclarava. Senti que poderia tomar uma decisão e sustentá-la. Esta clareza, esta lucidez, este estado em que posso vivenciar o poder da minha escolha trouxe-me satisfação e o sucesso que no período do uso compulsivo de comportamento e substâncias não atingia. Por isso faço minha manutenção da abstinência. Por isso a escolho diariamente.
Viver em abstinência é estar em combate. Sei que possuo elementos que não desaparecerão por muitos anos. Tenho a esperança de uma dia alcançar aquilo que psicólogos e psiquiatras chamam de (re)significação. Hoje estou vivenciando o que chamo de exercício da resiliência. Acredito que seja uma etapa anterior da (re) significação. É a minha esperança. Não quero (re)significar o conceito de abstinência. Quero sair do estado de guerra para o de serenidade. Vigiar minha condição ainda causa estranhamento e cansaço. No momento estou construindo objetivos concretos. Resgatar o curso de Filosofia, construir uma estabilidade financeira e principalmente deixar de ser muito sério. Aprender a brincar e sorrir mais. Dançar, brincar e sorrir paralelo ao estudo, ao trabalho e nas minhas relações. Amar, amar a Vida!
Para o portador de caracteres compulsivos não é tão simples assim. Sou um deles e preciso tanto da abstinência quanto do ar. Foram 13 anos de comportamentos compulsivos. Tenho a vivência. Senti na pele. Está escrito na minha pele. Lembro do personagem do romance “Na Colônia Penal” de Kafka. Condenado por crimes que não reconhece e não entende o personagem é levado até um local onde uma máquina escreve a sentença na carne de suas costas. Então a verdade torna-se evidente através de uma ferida que não cura, não desaparece. Esta memória é minha condenação e minha libertação. Não entendo como apareceu tal comportamento mas não o quero mais. Não posso fazer como as pessoas livres que podem, da sua maneira, vivenciar a intensidade de uma situação. A mim cabe vigiar cada circunstância, cada relação, cada momento para que as emoções não entorpeçam minha razão. Paixões avassaladoras, ambientes de trabalho estressantes ou que exista apatia são estímulos para a ansiedade, disparando assim, o mecanismo natural de proteção que é a busca de prazer. Se eu não estiver protegido pela minha decisão de me abster, cedo ou tarde, o comportamento compulsivo irá se expressar no uso de álcool e drogas.
Pode-se ver que o uso de álcool e drogas é o ultimo estágio de uma série de comportamentos frustrantes e frustrados. Na realidade, para mim, o uso destas substâncias é a uma tentativa ilusória de superação através do prazer. Entendo que o meu problema não está nas substâncias e sim em mim. Além do comportamento compulsivo com uso de substâncias, comida e sexo tenho tendências depressivas. Identifico esta compulsividade em outras áreas da minha vida. Pessoas que não possuem comportamento compulsivo ou ansiedade exagerada tendem a tolerar frustrações de forma madura, entendem que terão oportunidades para atingir seus objetivos. O que não acontece com o portador do comportamento compulsivo. Para ele a frustração aumenta a ansiedade. No momento que percebe a derrota volta-se para trás e vê o que fez para atingir o sucesso. O estrago tá feito. Por ironia, a decisão de fazer uso de comportamento e/ou substâncias que o levará a compulsão é a única decisão que não será frustrada. Saída fácil, cômoda.
E como este círculo pode ser quebrado ?
Através da abstinência. No momento em que fiquei, por um tempo, longe de estímulos (lugares, pessoas e substâncias) percebi que minha visão estava ampliada e a noção das coisas aclarava. Senti que poderia tomar uma decisão e sustentá-la. Esta clareza, esta lucidez, este estado em que posso vivenciar o poder da minha escolha trouxe-me satisfação e o sucesso que no período do uso compulsivo de comportamento e substâncias não atingia. Por isso faço minha manutenção da abstinência. Por isso a escolho diariamente.
Viver em abstinência é estar em combate. Sei que possuo elementos que não desaparecerão por muitos anos. Tenho a esperança de uma dia alcançar aquilo que psicólogos e psiquiatras chamam de (re)significação. Hoje estou vivenciando o que chamo de exercício da resiliência. Acredito que seja uma etapa anterior da (re) significação. É a minha esperança. Não quero (re)significar o conceito de abstinência. Quero sair do estado de guerra para o de serenidade. Vigiar minha condição ainda causa estranhamento e cansaço. No momento estou construindo objetivos concretos. Resgatar o curso de Filosofia, construir uma estabilidade financeira e principalmente deixar de ser muito sério. Aprender a brincar e sorrir mais. Dançar, brincar e sorrir paralelo ao estudo, ao trabalho e nas minhas relações. Amar, amar a Vida!
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