domingo, 12 de junho de 2011

Do Assassinato de Crenças como uma das Belas Artes

(perdoe-me Thomas de Quincey!) 

Pessoas escrevem tanto com a intenção de ensinar. Eis que me descubro como uma delas. Esta presunção baseia-se na "ideia primitiva” de que a verdade e somente a verdade deve ser obtida pelo sábio. Agora vejo que possuo tal crença e mesmo assim, contraditoriamente, carrego o saber de que todas as forças básicas da natureza, principalmente a do infinitamente pequeno, demonstram o contrário: não há verdade. Descubro que tudo o que sei é falível. Tudo o que sabemos pode mudar a qualquer momento. Vivemos atualmente sob a perspectiva da incerteza, tanto de Heisenberg quanto de Gödel. Estas visões matemáticas demonstraram que não pode existir UMA verdade observável. Ou que uma teoria consistente, para ser consistente, tem que passar pela prova de falsidade, como demonstra Karl Popper

Esta presunção de ensinar a verdade única é típica daqueles que ainda se encontram encastelados ou “encavernados” como fez aquele monge que se recolheu para morrer “dignamente” em uma caverna. Veja como é admirável a Ciência. Este saber convida todas as outras formas de Saber para procurar a verdade transitória. Mas a presunção não permite. O critério da verdade única cega. Estas pessoas escrevem para pessoas que estão cegas, menos ela, menos eu. Estes intelectuais de plantão que,  arrivistas, usufruem da força da vida como urubus alimentando-se de carne putrefata,  morta por represamento dos instintos, mesmo eles, tornam-se humanos. Mas o que ? somos humanos ? Sim. Falhos e continuaremos assim. Por mais que a  ética esteja presente, idealista ou materialista, as observações do Iluminado, capaz de provocar reações, serão consideradas como verdades absolutas. 

Falha. Ai está a graça de ser humano. Ai está o que me faz Ser quem Sou. Errar para acertar, acertar para poder errar. Entre falhas e acertos tenho perdas e ganhos. É igual ao dia em que me afasto do momento em que nasci e me aproximo da morte que terei. No dia de hoje, neste momento atual, reconheço minha pequenez diante do Universo, do Cosmos, não do mítico, das ideias, mas do astronômico, ASTRONÔMICO. Não há porque se preocupar com questões de metafísica, quero dizer, extra corpórea, extra física, que habitam no campo abstrato, conceitual, como por exemplo, a prova da existência de Deus. Decidi deixar estas preocupações para depois da minha morte, pois somente lá, se houver um lá, poderei saber a VERDADE, se há verdade. Não, certamente não farei  aposta com Pascal

Se você se preocupa com suas ações, com a intenção de ganhar um lugar no céu, e aqui permito-me a aconselhar, sugiro que faça como a Ciência: critique-se, teste-se, ponha-se em experiência. Não seja sisudo. Ria de sí mesmo. Descubra através das falhas que, podemos sim, aprender. Aja hoje, no sentido de partilhar e aceitar diferenças. Não perca tempo.Concentre-se no dia de hoje, no presente, neste momento, neste instante.  Lembre-se: todos nos serviremos ao princípio descoberto por Lavoisier.

Sugestão de leitura:

Nietzsche e as perspectivas do perspectivismo


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