terça-feira, 14 de junho de 2011

As Comunidades Terapeuticas podem aprender com a prática da Redução de Danos

Uma das coisas que tenho por terrível é o método moralista com teor espiritual para colocar em abstinência pessoas com problemas no uso das drogas. Fico com náuseas quando vejo alguém em abstinência por que uma autoridade, tanto mortal quanto divina, ordenou-lhe a abstinência. Faça! Sem questionar, sem perguntar se há o desejo de abster-se. Não importa se o indivíduo sente-se humilhado, não importa se o indivíduo sente-se um idiota, não importa se a liberdade de escolha foi tolhida...o que importa, no final, é que este indivíduo, esta vítima, esquecerá estas dores e agradecerá por ter sido humilhado, coagido, por ter delegado o sucesso do seu esforço ao seus algozes físicos, mentais e espirituais...

Diante desta situação não vejo outra opção do que defender a proposta da Redução de Danos. Proposta esta que respeita a escolha do indivíduo, o momento em que se encontra e que considera a questão social como um dos elementos gerador de sofrimento. Esta proposta está mais próxima da realidade do indivíduo pois sua abordagem é empírica. Deixa de lados questões metafísicas, ideologicas e passa olhar a pessoa em seu território, em sua comunidade, em sua realidade. A proposta não é transformar o indivíduo, como uma força de fora para dentro e sim, criar condições para que ele reduza os danos de seu uso de drogas. Após a adesão a proposta da RD as áreas de sua vida são afetadas de forma positiva. Daí elimina-se o efeito "reação em cadeia" de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, de comportamentos de risco (dirigir embriagado, possbilidade de violência domésttica, etc). 

O presença do Estado laico provou ser fundamental para a preservação dos direitos individuas. Sabemos que grupos ideologicos (religiosos, políticos, esportivos, culturais, tradicionais) tendem a impor seus conceitos e que se não há um controle de um terceiro ente (Estado) teriamos um terror instalado no poder. Por isso entendo como necessária a intervenção do Estado através da participação da Sociedade Civil nas tomadas de decisão e na vigilância das práticas de Saúde e de Costumes para que a justiça e equidade sejam respeitadas. Talvez assim, garantindo o seu exercício de liberdade, leve o indivíduo usuário de drogas a maturidade que tanto lhe falta no cuidado de sua vida e aprende, por decisão própria, a colocar seus próprios limites. 

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