Procurei
por Aristóteles e encontrei a parede. Com proteção acústica. Não
há um sinal de fraqueza em sua estrutura. A parede permanece em pé,
intacta. - Tenho que atacá-la, penso. - Como ? Olho para todos os
lados. Atrás de mim o caminho percorrido. O que deixei para trás é
enorme, com múltiplas paisagens. Algumas delas chegam ao extremo de
provocar os limites da Vida, outras possuem a combinação ideal para
que a Vida viceje confortavelmente. Ao olhar daquela posição
percebi que podia avistar todo os cantos do mundo. Montanhas,
desertos, florestas, bosques, estradas de terra, praias, mares, rios,
cidades pequenas, grandes, vilas, vilarejos, todos com seus climas.
Perdido em uma destas paisagens deparei-me com a linha que delimita a
fronteira entre as mesmas...com calor de 45 º a sombra avistei a
porta a qual deveria atravessar para mudar de ambiente. Estas
“portas” mágicas costumam surgir do nada. Esperava que ela
aparecesse a qualquer momento. Estou no mundo há muito tempo,
percorrendo paragens com o objetivo de entender. Descobri que é
preciso se entendiar para a porta aparecer. Porra, tava cansado do
deserto. Logo que atravessei a porta me deparei com a neve e um frio
congelante de – 10 º . Óbvio. Disparou a rinite. A respiração
ficou pesada e comecei a tinir de frio. Fiquei doente. Normal. Toda
mudança implica no processo de adaptação. Recuperei-me. Após
mudar trezentos e trinta vezes cheguei ao local onde estou. O lugar é
alto. Permite visão magistral dos mundos que percorri. Reconheci
cada um deles. Não dei-lhe nomes com medo de perder a espontaneidade
a as características de cada lugar. Havia escutado sobre estes
mundos em palestras sobre Deleuze e Gatarri. Os estruturalistas
descrevem tais territórios. Também ouvi interpretações baseadas
na Bíblia, principalmente a interpretação da frase de Jesus
Cristo: - Na casa de meu pai há muitas moradas. A linguagem possui
territórios onde a palavra possui um significado e em outro significa, por vezes, o oposto. Encontrei através da
História descrições de territórios que iniciam no subjetivo e
perpassa pelas diferenças materiais, concretas, do lugar. Concluo
que em todos os ambientes (conceitual, empírico, linguagem,
metafísico, físico) o conceito de territórios se aplica
adequadamente. O mundo subjetivo ou ideativo é vasto e vivo. Sua
presença atua em mim como se fosse material, mas não é. Eis a
mágica. Sou moldado pelo que penso e sinto. Quando há
desequilíbrio, a loucura se instala como ferramenta para que se
estabeleça o equilíbrio outra vez. A loucura tem a função de
convidar a sanidade a voltar para seu lugar. Por isso a porta. Por
isso o tédio. Talvez em outro mundo estas passagens parem de mudar.
Talvez viver a imortalidade seja o princípio do tédio para que o
desejo de ser mortal volte outra vez. Para atingir tal anseio devo
morrer e atravessar a última porta...o círculo se fecha, o ciclo
termina e por fim há apenas o silêncio.
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