segunda-feira, 9 de abril de 2012

A linguagem e seus territórios

ou os universos paralelos em que habito

Procurei por Aristóteles e encontrei a parede. Com proteção acústica. Não há um sinal de fraqueza em sua estrutura. A parede permanece em pé, intacta. - Tenho que atacá-la, penso. - Como ? Olho para todos os lados. Atrás de mim o caminho percorrido. O que deixei para trás é enorme, com múltiplas paisagens. Algumas delas chegam ao extremo de provocar os limites da Vida, outras possuem a combinação ideal para que a Vida viceje confortavelmente. Ao olhar daquela posição percebi que podia avistar todo os cantos do mundo. Montanhas, desertos, florestas, bosques, estradas de terra, praias, mares, rios, cidades pequenas, grandes, vilas, vilarejos, todos com seus climas. Perdido em uma destas paisagens deparei-me com a linha que delimita a fronteira entre as mesmas...com calor de 45 º a sombra avistei a porta a qual deveria atravessar para mudar de ambiente. Estas “portas” mágicas costumam surgir do nada. Esperava que ela aparecesse a qualquer momento. Estou no mundo há muito tempo, percorrendo paragens com o objetivo de entender. Descobri que é preciso se entendiar para a porta aparecer. Porra, tava cansado do deserto. Logo que atravessei a porta me deparei com a neve e um frio congelante de – 10 º . Óbvio. Disparou a rinite. A respiração ficou pesada e comecei a tinir de frio. Fiquei doente. Normal. Toda mudança implica no processo de adaptação. Recuperei-me. Após mudar trezentos e trinta vezes cheguei ao local onde estou. O lugar é alto. Permite visão magistral dos mundos que percorri. Reconheci cada um deles. Não dei-lhe nomes com medo de perder a espontaneidade a as características de cada lugar. Havia escutado sobre estes mundos em palestras sobre Deleuze e Gatarri. Os estruturalistas descrevem tais territórios. Também ouvi interpretações baseadas na Bíblia, principalmente a interpretação da frase de Jesus Cristo: - Na casa de meu pai há muitas moradas. A linguagem possui territórios onde a palavra possui um significado e em outro significa, por vezes, o oposto. Encontrei através da História descrições de territórios que iniciam no subjetivo e perpassa pelas diferenças materiais, concretas, do lugar. Concluo que em todos os ambientes (conceitual, empírico, linguagem, metafísico, físico) o conceito de territórios se aplica adequadamente. O mundo subjetivo ou ideativo é vasto e vivo. Sua presença atua em mim como se fosse material, mas não é. Eis a mágica. Sou moldado pelo que penso e sinto. Quando há desequilíbrio, a loucura se instala como ferramenta para que se estabeleça o equilíbrio outra vez. A loucura tem a função de convidar a sanidade a voltar para seu lugar. Por isso a porta. Por isso o tédio. Talvez em outro mundo estas passagens parem de mudar. Talvez viver a imortalidade seja o princípio do tédio para que o desejo de ser mortal volte outra vez. Para atingir tal anseio devo morrer e atravessar a última porta...o círculo se fecha, o ciclo termina e por fim há apenas o silêncio.

Nenhum comentário: