quinta-feira, 28 de março de 2013

Discutindo a relação

Ele - As vezes fico pensando que tipo de amor é esse: entrega e sacrifício. O Outro fica na expectativa, a espera de uma resposta que você não quer dar. Sei que você tem compromissos, contas, filhos, família...porra, eu só quero você...não precisa trazer pra dentro da nossa relação todos os teus problemas. Não tenho saco para isso. Eu já tenho meus problemas.

Ela - Então não me amas ?

Ele - Se disseres que o amor é sacrifício, então não te amo! Quero estar contigo, quero fazer amor contigo, gosto de estar contigo e de assumir, naquele momento, todas as consequências de estar contigo. Entenda: no momento em que estamos juntos fisicamente. Enquanto houver a possibilidade de escolher não participar da tua vida econômica, familiar e social então não participarei. Entenda que estou contigo porque ainda posso fazer estar escolha. Se caso contrário, se não houver mais a possibilidade de escolher não participar destas três áreas da tua vida, então, não.

Ela - Como és egoísta! Pensava que poderia fazer alguma coisa. Investir em nossa relação. Arranjar um emprego, ter mais dinheiro pra sairmos, para comprar presentes, para viajar, para satisfazer nossos desejos. Mas não. Ficas em casa, navegando na internet, no Facebook. Enquanto eu trabalho em dois empregos, tenho a semana toda dedicada ao trabalho, a família e as minhas coisas. Está difícil encontrar um espaço pra nós. Temos apenas o final de semana. E quando aparece um feriado, espaço na minha agenda tu fica com receio de ficar comigo pois não tens dinheiro pra dividir as despesas comigo. Me deixas insegura.

Ele - Já é difícil pra mim ter uma relação em que eu não contribuo financeiramente. No momento estou passando por esta dificuldade desde 2010 e não vejo perspectivas de melhora. Coloco estas duas opções: Ou aceitas ficar comigo nestas condições ou paramos por aqui. É mais fácil seguir a tua vida! Está organizada, segura. O que queres com um cara como eu ? Não posso te oferecer segurança (já que, para a maioria, o amor é oferecer segurança ao outro, como acontece na relação mãe e filho, onde entras com a proteção materna e em troca te dou carinho, atenção e sexo.) Pra mim amor é se sentir bem com o outro, querer fazer amor, desejar e agradar naturalmente... mas nada em troca. Esta relação de troca ocorre na infância. Somos adultos e a confiança é o substituto da relação de troca afetiva. Tens que confiar em mim e não me cobrar. Se eu escolher viver de uma forma que contraria todos os teus valores, se me amas, então me aceitarás. Se for o contrário, é escambo afetivo. Não quero fazer trocas. Quero que estejas do meu lado, quero que deites na minha cama por querer e assuma todos os riscos disso. Entende ? Sabe o que amar por amar ? Apenas isso ? Sem precisar utilizar esse amor para repor algo que falta ? Amor pra mim sempre foi libertador, compreensivo, tolerante e principalmente estar dentro, junto mesmo que distante. Amor é fazer a escolha certa mesmo que o mundo diga ao contrário. É seguir sua intuição, seus princípios. Jamais trair a si mesmo.

Ela - Isso é adolescente demais. Não é maduro, não é adulto. É um amor que não assume compromissos, responsabilidades. Esse amor fica a deriva na intuição, fica deriva ao mar dos sentimentos. Preciso de certezas, preciso de coisas concretas. Por exemplo: o que queres da vida ? Qual o teu projeto profissional ? Qual a possibilidade de enriquecermos juntos ? O que poderíamos construir juntos ? Amor, para mim, é quando duas pessoas juntam seus projetos pessoais e tornam-se sócios na implementação e execução dos mesmos. Resultado: os dois recebem, os dois ganham, ambos participam do sucesso profissional e emocional de cada um.

Ele – Desculpe. Esta é uma visão entre tantas outras. Ela não possui características legítima de uma verdade que, por sua vez, elimina outras visões de mundo. Há amores mendigos, há amores executivos, há amores naturalistas, há amores familiares...sim, há muitas formas de amar. O interessante é um elemento comum entre todas as visões: a lealdade! Precisamos sonhar juntos. Precisamos ter o mesmo sonho. E nós não temos o mesmo sonho. Primeiro: eu nem sei o que eu quero. Tenho quarenta e um anos e ainda me sinto um adolescente num corpo de velho. Não quero envelhecer a mente com o sonhos dos outros. Quero viver diariamente com que a vida me dá, sem saber o que vem por ai...não quero segurança (é ilusória!).

Ela - Vai a puta que te pariu! Covarde!

Ele - Covarde não! Apenas quero o lado bom, gostoso do relacionamento a dois. A parte ruim a gente assume quando aceita casar! Não quero casar minha nega! Ainda não!

Ela - FDP, VTF! Canalha, cafajeste...humm...então vamô namorá ?

Ele - Bora, demorô!

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