Ele - As
vezes fico pensando que tipo de amor é esse: entrega e sacrifício.
O Outro fica na expectativa, a espera de uma resposta que você não
quer dar. Sei que você tem compromissos, contas, filhos,
família...porra, eu só quero você...não precisa trazer pra dentro
da nossa relação todos os teus problemas. Não tenho saco para
isso. Eu já tenho meus problemas.
Ela - Então não me amas ?
Ele - Se
disseres que o amor é sacrifício, então não te amo! Quero estar
contigo, quero fazer amor contigo, gosto de estar contigo e de
assumir, naquele momento, todas as consequências de estar contigo.
Entenda: no momento em que estamos juntos fisicamente. Enquanto
houver a possibilidade de escolher não participar da tua vida
econômica, familiar e social então não participarei. Entenda que
estou contigo porque ainda posso fazer estar escolha. Se caso
contrário, se não houver mais a possibilidade de escolher não
participar destas três áreas da tua vida, então, não.
Ela - Como és
egoísta! Pensava que poderia fazer alguma coisa. Investir em nossa
relação. Arranjar um emprego, ter mais dinheiro pra sairmos, para
comprar presentes, para viajar, para satisfazer nossos desejos. Mas
não. Ficas em casa, navegando na internet, no Facebook. Enquanto eu
trabalho em dois empregos, tenho a semana toda dedicada ao trabalho,
a família e as minhas coisas. Está difícil encontrar um espaço
pra nós. Temos apenas o final de semana. E quando aparece um
feriado, espaço na minha agenda tu fica com receio de ficar comigo
pois não tens dinheiro pra dividir as despesas comigo. Me deixas
insegura.
Ele - Já é
difícil pra mim ter uma relação em que eu não contribuo
financeiramente. No momento estou passando por esta dificuldade desde
2010 e não vejo perspectivas de melhora. Coloco estas duas opções:
Ou aceitas ficar comigo nestas condições ou paramos por aqui. É
mais fácil seguir a tua vida! Está organizada, segura. O que queres
com um cara como eu ? Não posso te oferecer segurança (já que,
para a maioria, o amor é oferecer segurança ao outro, como acontece
na relação mãe e filho, onde entras com a proteção materna e em
troca te dou carinho, atenção e sexo.) Pra mim amor é se sentir
bem com o outro, querer fazer amor, desejar e agradar
naturalmente... mas nada em troca. Esta relação de troca ocorre na
infância. Somos adultos e a confiança é o substituto da relação
de troca afetiva. Tens que confiar em mim e não me cobrar. Se eu
escolher viver de uma forma que contraria todos os teus valores, se
me amas, então me aceitarás. Se for o contrário, é escambo
afetivo. Não quero fazer trocas. Quero que estejas do meu lado,
quero que deites na minha cama por querer e assuma todos os riscos
disso. Entende ? Sabe o que amar por amar ? Apenas isso ? Sem
precisar utilizar esse amor para repor algo que falta ? Amor pra mim
sempre foi libertador, compreensivo, tolerante e principalmente estar
dentro, junto mesmo que distante. Amor é fazer a escolha certa mesmo
que o mundo diga ao contrário. É seguir sua intuição, seus
princípios. Jamais trair a si mesmo.
Ela - Isso é
adolescente demais. Não é maduro, não é adulto. É um amor que
não assume compromissos, responsabilidades. Esse amor fica a deriva
na intuição, fica deriva ao mar dos sentimentos. Preciso de
certezas, preciso de coisas concretas. Por exemplo: o que queres da
vida ? Qual o teu projeto profissional ? Qual a possibilidade de
enriquecermos juntos ? O que poderíamos construir juntos ? Amor,
para mim, é quando duas pessoas juntam seus projetos pessoais e
tornam-se sócios na implementação e execução dos mesmos.
Resultado: os dois recebem, os dois ganham, ambos participam do
sucesso profissional e emocional de cada um.
Ele –
Desculpe. Esta é uma visão entre tantas outras. Ela não possui
características legítima de uma verdade que, por sua vez, elimina
outras visões de mundo. Há amores mendigos, há amores executivos,
há amores naturalistas, há amores familiares...sim, há muitas
formas de amar. O interessante é um elemento comum entre todas as
visões: a lealdade! Precisamos sonhar juntos. Precisamos ter o mesmo
sonho. E nós não temos o mesmo sonho. Primeiro: eu nem sei o que
eu quero. Tenho quarenta e um anos e ainda me sinto um adolescente
num corpo de velho. Não quero envelhecer a mente com o sonhos dos
outros. Quero viver diariamente com que a vida me dá, sem saber o
que vem por ai...não quero segurança (é ilusória!).
Ela - Vai a
puta que te pariu! Covarde!
Ele - Covarde
não! Apenas quero o lado bom, gostoso do relacionamento a dois. A parte ruim a
gente assume quando aceita casar! Não quero casar minha nega! Ainda
não!
Ela - FDP,
VTF! Canalha, cafajeste...humm...então vamô namorá ?
Ele - Bora,
demorô!
Nenhum comentário:
Postar um comentário