A verdade
muda. Muda em silêncio. Chega invisível e, desatento, ele sofre. Se pergunta se deve olhar o mundo com olhar do passado. Logo descobre que
se achegam ao olhar outros horizontes, outros rapazes, outras moças.
Sente a inquietude do confronto. Sente a tristeza do desapego porque
gostava da segurança do seu mundinho. Inquietar, desentocar, sair de
si é um processo natural. Todos possuem tal propriedade. De vez em
quando alguém acredita de forma pia, através da fé. Daí a mudança trava.
Percebe que valores
tradicionais garantem sua força de cobrança mesmo diante da mudança de figuras, comportamentos e funções sociais. Não importa se estes elementos transmutem os interesses
de grupos, por motivos diversos (econômicos, culturais, pessoais, etc). Mesmo tendo consciência disso
permanece nele uma culpa antiga, uma tristeza conhecida, um sentimento de
inadequação estranho que faz revelar a distorção da realidade, a mentira silenciosa. Nos
relacionamentos ele enxerga as mesmas dúvidas, angústias e anseios
que o oprime. Estes valores estão dançando a dança das cadeiras.
Daqui a pouco a música irá parar e apenas uma cadeira irá sobrar.
Daí ele pode ver qual dos valores irá se sobressair. Convicto de que o
seu valor será mais forte, rápido, esperto e pragmático ele
saboreia antecipadamente sua vitória ao sonhar com as afirmações das pessoas: - Ele estava certo. O enunciado sustenta que a
criatividade é a única fonte de criação. Criar valores é o que nos torna o que somos.
Ele estava certo. Fantasiando ele percebe que isto pode acontecer
após a sua morte. Sente-se extemporâneo. Após todos estes pensamentos Nietzsche continua sua caminhada sob o sol do meio dia. Uma sensação terna, quente lhe preenche e um sorriso lhe cai na boca. (exercitando a narrativa ao som de Dan & Adam Skinner).
Nenhum comentário:
Postar um comentário