sábado, 14 de março de 2009

Satolep


Encontrei Satolep! Numa pilha de livros. A atmosfera, onde o tempo está suspenso, gerada na madrugada seguida dos primeiros raios de sol revelam casarões, ruas, paralelepípedos e meios-fios. Ah! O retorno no presente como se eu estivesse num cruzamento onde várias épocas confluem para uma existência...em outro momento eu disse: estou de volta! Estou em casa! E assim o disse pois o amor, naquele período, foi e ainda parece ser um caminho para o retorno. Hoje Satolep mostrou-se para mim como outro caminhar. E ele me foi desvelado pela literatura imagética de Vitor Ramil. Sou seu conterrâneo. Não o conheço. Apenas o vi por algumas vezes caminhando pela Rua XV, outras vezes no Café Aquário. Não conhece-lo não me impede de sabe-lo através de suas músicas e principalmente de seu livro Satolep.
No retorno ao seu nascedouro, o personagem central se confunde com figuras de seu passado, na fictícia Satolep. Já na Pelotas de nossa realidade (?), o fotógrafo Robles, é o reflexo no espelho do fotógrafo de Satolep, que no livro lê-se Selbor, o contrário de Robles. Seu retorno trouxe-me a notícia que outros conseguiram trazer a tona esta pequena e poética cidade fictícia, escondida nos finais de tarde, nas neblinas das madrugadas frias e nos amanheceres úmidos onde contrasta com a arquitetura. Caminhos onde encontramos pessoas de várias épocas como um convite a participar de um único momento. Uma leitura que evoca raízes, culturas de um local que está a passar, num ritmo de destruição onde vozes ressoam, memórias brincam, num aviso que é preciso retornar não para o mesmo mas para o reconhecer-se, para o saber-se, para o construir-se...Aindo sinto a manhã fria de hoje em minha pele e a sensação que permeia meu corpo, como se eu e a cidade somos conhecidos a muito, muito tempo. Aviso: caminhar com o livro e comparar as imagens de Satolep com os locais e prédios de Pelotas causa suspensão do tempo, uma parada atmosférica no olhar...é suave e lindo!

Um comentário:

Beatriz Rodrigues disse...

Como assim eu sem te buscar, acabo te encontrando, e justo neste texto PRIMOROZO, Dani??? Li e me senti dentro de cada palavra. Eis que fui buscar o autor, e um tal "Daniel M" me surgiu como alguém suspeito... Nossa. Estou ainda sem palavras para o que este encontro, contigo e com teu texto, significam pra mim. Também escrevi algo sobre satolep, mas decididamente, o que eu vejo aqui, o que seu sinto aqui... me toma por completo!
Obrigada por tanta beleza.
Mil beijos