domingo, 15 de março de 2009

Orgulho, humildade e amor...diabolicamente humanos

















I
Nesse jogo do orgulho fui eu que perdi... E sigo o caminho pensando nesta frase! Penso no orgulho como um rosto de muitas facetas que, por um momento pode ferir e noutro enaltecer. Por horas penso com o coração a este respeito e mesmo assim não consigo as respostas que possam me acalmar. O estranho desta situação é que não obtendo as respostas mesmo assim o orgulho responde-as à medida que eu prossigo no caminho... Mas o coração não responde. É triste! O silêncio é atordoante, pois ficam as sensações, apenas. Se o conhecimento passa pelos sentidos, o conhecimento do coração é doloroso e recompensador. Que contradição... Penso em Camões, em uma de suas frases, do livro Sonetos - “servir a que vence o vencedor” – e por horas entendo e num outro me escapa o entendimento... É como se eu fosse um barco em alto mar procurando um farol, que busca sua luz, descobre que a mesma possui intervalos... Então descubro, o saber é intermitente, pulsa como e com o coração...

II
Penso na minha satisfação e descubro que não atingi o objetivo principal o que me causa frustração. Percebi que ganhei aquilo que não queria e percebi que o prêmio ganho é mais importante que a minha satisfação pessoal... Descobrir-me como ser humano falho, contraditório, faz-me querer ser melhor mesmo que isso implique em sacrificar meu individualismo... O que estou dizendo? Então conhecer minhas limitações me impulsiona, me indica o que fazer? Parece que sim... Aparentemente tenho que fazer o oposto... Saber que sou limitado, contraditório parece ser a solução para orgulho e, no entanto necessária é sua presença para atingir seu oposto...

III
Humildade, palavra carregada, banalizada como ato compungido, por vezes confundido com submissão, vilipendiado pelos praticantes do experimentalismo, das pessoas que optam apenas em sentir. Produto da união do coração e da razão, a humildade é critério de medida para minhas ações e mesmo assim, tenho o conhecimento de que a raiva, o ódio quando bem dosados em atitudes adequadas produzem ação que pode levar a justiça... Como poderei me sensibilizar se sou bombardeado a todo instante com livros de auto-ajuda, com doutrinas idealistas de que devo ser feliz constantemente, que devo sorrir que devo alimentar o pensamento com coisas positivas... Tanto que posso imaginar o absurdo de ver uma criança com fome, magra, esquelética como as crianças fotografadas por Sebastião Salgado e sorrir! O incentivo gera estes pensamentos: - Não! Isto não é culpa minha, eu não tenho nada a ver com isso, tenho que encontrar algo positivo nessa imagem... Ah! Como os olhos desta criança são lindos!!!

IV
Como aceitar sistemas de auto-ajuda, religiões que amortizam a dignidade, que alimentam a submissão, corrompendo a palavra humildade, colocando-a no patamar mais baixo da indignidade humana... Ser gentil é uma das formas do amor! Cuidar do outro, querer o bem de todos ou de alguém em especial não é de propriedade divina, muito menos uma característica de almas evoluídas... Isto é humano! Isto é nosso! Isto é meu! Isto EU reivindico! Não posso aceitar que as experiências mais belas da história da humanidade sejam creditadas a uma Idéia. Somos nós que as praticamos, somos nós que as sentimos, somos nós! Sentiremos a dor e a felicidade de nossos atos! Como posso afirmar que isto é invenção de um demiurgo?

V
No momento creio em mim, no ser humano, em suas capacidades que por horas se contradizem. É isto que maravilha, que encanta... Entrar no rio como um e sair como outro! O movimento, a mudança, o aprendizado, a paixão, a razão... Todas as nossas capacidades, humanas, demasiados humanas. O que nos resta a fazer é amar esta condição com todas as forças, aceitá-la como um presente da vida! Dançar, dançar, dançar e amar a vida! Eis uma bela imagem... Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal! (Nietzsche)

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