Não tenho fome. A saciedade tomou conta do meu corpo e da minha mente...ai está! O perigo ronda a vida na saciedade. Senso de perigo reduzido. Ausência. Sei do perigo e de quando estou em perigo mas não reajo.Ontem. Caminhava pela praça da Faculdade de Direito em direção a minha casa quando alguem, que estava sentado e um dos bancos da praça levantou-se de abrupto com um objeto na mão gritou: - a casa caiu. Me dá tudo! Não senti nada. Apenas ausência, estranha naquele momento, ela mostrou sua presença. Pensei. Porque todo usuário de drogas economiza palavras ? Porque seu repertório fica reduzido a interjeições e afirmações ? Porque pensei o que pensei ? Entreguei todo o dinheiro. Continuei a caminhar. Hoje. Encontrei Aninha no meu quarto. Tinha dado a ela as chaves a mais de três meses. Era sua primeira vez no meu quarto. Acho que queria me surpreender. Eu te amo, costuma dizer. Inteligente, radical, adora literatura, poesia, filosofia e vinho, além de poeira e remédios. Cabelo curto, morena, tipo mignon, sensual, boca vermelha, funcionária pública federal. Leitora de Fernanda Young e Marques de Sade Se diz livre para possuir ou se entregar mas quando me vê fica molhadinha. Ela não entende e eu também. Vejo-a nua no meu colchão. A imagem de seu corpo lascivo, de suas curvas, combinado com seu olhar por cima do ombro deixaria qualquer pessoa louca. Vira-se e começa a se tocar dizendo que não conseguia ficar em paz com a minha ausência. Ausência. Reação inexistente, sujeito oculto ? Nada.
Ela pergunta: - estás doente ?
- Sim! Estou saciado.
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